OSCAR LORENZO FERNÁNDEZ


(Rio de Janeiro, 04 de Novembro de 1897 - idem, 27 de Agosto de 1948)

Compositor brasileiro de ascendência espanhola, profundamente ligado à tradição cultural do Brasil, confirma, em sua obra, a constância do nacionalismo musical brasileiro. Em 1917 ingressou no Instituto Nacional de Música, onde estudou piano e teoria com J. Otaviano e harmonia com Frederico Nascimento. Mais tarde, foi aluno de Francisco Braga.
Lorenzo Fernández foi um dos fundadores do Conservatório Brasileiro de Música, em 1936, e da Academia Brasileira de Música (em 1945). Seu nome se projetou com o Trio Brasileiro Op. 32 para piano, violino e violoncelo, trabalho laureado, juntamente com a Canção Sertaneja op. 31, em concurso internacional realizado no Rio de Janeiro promovido pela Sociedade de Cultura Musical, em 1924.
Em 1940, o seu Batuque foi executado no Rio de Janeiro pela orquestra da National Broadcasting Corporation dos Estados Unidos, sob a regência de Arturo Toscanini.

Banda Sinfônica Euterpe Friburguense sob Regência de seu Maestro Nelso José S. Neto em concerto na Sala Cecília Meireles. 06/11/2005

Em 1947 terminou a composição de sua segunda sinfonia, inspirada no poema O Caçador de Esmeraldas, de Olavo Bilac. Mas esta composição não chegou a ser executada enquanto o compositor era vivo. Lorenzo Fernández faleceu em agosto de 1948, após apresentar-se como regente em um concerto sinfônico.

Compôs numerosas obras: óperas (Malazarte), duas sinfonias, concertos (um para piano e outro para violino), canções (Toada para Você), peças para piano. É autor da Suíte (1929), incluída nos Festivais Sinfônicos Ibero-Americanos de Bogotá, e do Reisado do Pastoreio, do qual faz parte o famoso Batuque.


CONCERTO CHÁ DAS DIVAS COM NETI SZPILMAN CANTANDO NEGA FULÔ DE LORENZO FERNANDES, AO PIANO YUKA SHIMIZU.

Como compositor, professor, regente e divulgador, Lorenzo Fernandez exerceu um papel muito importante no cenário musical brasileiro no período 1928-48.
Em 1947, ao completar 50 anos, recebeu inúmeras homenagens. A Rádio Globo e Irmãos Vitale criaram o Prêmio Lorenzo Fernandez, destinado a jovens cantores. Também foi encenado o balé Juca Mulato, inspirado na obra de Menotti del Picchia, com temas de Lorenzo Fernandez. Nesse mesmo ano compôs Sonata Breve, Aveludados Sonhos e Trovas de Amor.


Bibliografia
Enciclopédia Barsa - Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural
José Carlos Victorello - Arthur Moreira Lima e Amigos.

Ouça obras de Lorenzo Fernades:
http://members.fortunecity.com/bvmusica/ftp_midi/fernandez_ol1.html
http://www.grude.ufmg.br/musica/cancaoBrasileira.nsf/vwDocsAtivos/C67EE108AA7C0A8783256DA5002D5077?OpenDocument


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FRANCISCO MIGNONE


Francisco de Paula Mignone nasceu em São Paulo, em 3 de setembro de 1897, filho de italianos. Seu pai, o flautista Alferio Mignone foi seu primeiro professor de flauta, sendo Sílvio Motto o mestre pianístico até seu ingresso no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde estudou composição com Savino de Benedictis e piano com Agostinho Cantu.
Após quatro anos de estudo, recebe o diploma do conservatório. A participação, desde os 13 anos, em pequenas orquestras como pianista e flautista, ajudou-o a melhor captar os ensinamentos de harmonia, contraponto e composição daquela casa de ensino.
Trabalhou nas orquestras de baile até os 22 anos. Neste período Mignone escreveu muita música popular, adotando, para estas composições, o pseudônimo de Chico Bororó.
A atividade pianística tem o primeiro exemplo significativo na apresentação feita em 1918, quando no Teatro Municipal de São Paulo, executa o primeiro movimento do Concerto para Piano e Orquestra de Grieg. No mesmo concerto, várias composições suas são apresentadas.
Em 1920, uma bolsa concedida pela Comissão do Pensionato Artístico de São Paulo o leva até Milão, onde estudará com Vicenzo Ferroni. Os nove anos passados na Europa, com freqüentes visitas ao Brasil, estabelecem a qualidade do embasamento: "E no final de todos esses ensinamentos eu me tornei o meu próprio professor".Desta época é a ópera O Contratador de Diamantes (1921), cuja Congada, peça de bailado do segundo ato, ficou célebre. Igualmente desta fase são a Festa Dionísica (1923), um poema sinfônico, e Momus, poema humorístico.
Ao regressar ao Brasil, torna-se professor do conservatório em que estudou, sendo friamente recebido pôr Mário de Andrade, seu colega quando jovem neste estabelecimento, devido às fortes correntes italianizantes de Mignone. A reaproximação resultará numa amizade duradoura entre os dois e na aceitação pôr parte do compositor de alguns postulados nacionalistas musicais propostos pôr Mário. Mignone passou a buscar inspiração nas raízes brasileiras. Nesta nova fase, compôs a Primeira e Segunda fantasia brasileira (para piano e orquestra), Festas de Igrejas (poema sinfônico) e a série das 12 Valsas de Esquina (cada uma composta sobre um dos 12 tons menores).
Em 1933, Mignone se muda para o Rio de Janeiro para exercer o cargo de titular da cadeira de regência no Instituto Nacional de Música. É desta época a elaboração do bailado Maracatu do Chico Rei com a colaboração de Mário de Andrade. Em 1939, pôr concurso, Mignone é efetivado junto ao INM na matéria que lecionava.
A Alemanha e a Itália são visitadas em 37 e 38. Em Berlim, como regente convidado, conduz a Orquestra Filarmônica. Rege em Hamburgo e em Roma. Do Departamento de Estado dos Estados Unidos, recebe o convite no ano de 1942, entrando em contato com entidades educacionais e realizando atividade musical.
No início da década de 50, escreve música para três filmes e assume a direção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Do Conservatório Brasileiro de Música, foi fundador e professor, da Academia Brasileira de Música, membro.
Nas últimas décadas, Mignone, continuando a intensa atividade como compositor, dedicou-se à função de regente, conferencista e desenvolveu uma profícua participação em duo pianístico com sua mulher, a pianista Maria Josephina.
Morreu no Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1986, aos 88 anos.

A OBRA DE FRANCISCO MIGNONE

Francisco Mignone é considerado um dos três maiores compositores do país, ao lado de Villa-Lobos e Lourenzo Fernandez. Compôs cerca de 700 peças. Sua obra é caracterizada pôr um profundo sentido melódico, a rítmica precisa.É extremamente ampla a criação de Francisco Mignone.Foram abordados os gêneros orquestral, instrumental, camerístico, dramático e sacro.

Música Orquestral: Utilizando-se de um ou dois instrumentos solistas e orquestra, compôs inúmeras obras do gênero: as Fantasias Brasileiras têm o piano como instrumento solista e começam a surgir a partir de 1929, as Variações sobre um tema brasileiro para violoncelo é de 1935, Concertos para piano (1958), para violino (1960), duplo concerto para piano e violino (1965/66), para violão (1975).
Compôs diversos poemas sinfônicos: Caramuru, Babaloxá e Batucajé, Festa de Igrejas,etc.

Música Vocal: A produção vocal de Mignone é das mais importantes entre os compositores brasileiros. Determinada parcela destas obras é constituída de canções com textos em espanhol, italiano português e francês de poetas famosos.


'Cantiga de Ninar' F.Mignone/Sybika. Magda Belloti, soprano. Talitha Perez, piano.

Música de Câmara: Mignone aproveita-se dos vários instrumentos, cordas, metais, madeiras e mesmo o piano, buscando uma distinção quanto à qualidade timbrística. Criou trios para vários e distintos instrumentos,quartetos de cordas, quinteto de cordas e quinteto de sopros. Escreveu extensa obra para duos diversificados: piano e violino, violoncelo e piano, flauta e oboé, etc.



Solo de fagote para a peça "Mistério" de Francisco Mignone. Campinas-SP

Música Dramática: Mignone escreveu as óperas: O Contratador de Diamantes (1921), L’Innocente (1927), Mizu (opereta escrita em 1937), O Chalaça (1972), O Sargento de Milícias (1977).

Música para Piano: O piano foi para Mignone o instrumento preferido. Pianista de talento, poderia ter sido um de nossos grandes intérpretes se não fosse o imperativo da composição.Parte de sua produção é dedicada ao piano. Sonatas e Sonatinas a partir de 1941, seis Prelúdios (1932), seis Estudos Transcendentais (1931), Doze Valsas de Esquina, Valsas Brasileiras, Valsas-Choro e uma quantidade de outras peças extremamente comunicativas.


Catia Capua e Maria Di Pasquale.

Bibliografia

Enciclopédia Barsa - Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
MARTINS,José Eduardo. "Francisco Mignone, o prazer de criar" - Jornal "O Estado de São Paulo", 9 de março de 1986.


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Claudio Santoro


Claudio Franco de Sá Santoro (*23/11/1919 - + 27/03/1989)
Nascido em Manaus, ainda menino começou a estudar violino e piano, e seu empenho fez com que o Governo do Amazonas o mandasse estudar no Rio de Janeiro. Aos 18 anos, já era professor adjunto da cátedra de violino do Consergvatório de Música do Rio de Janeiro.
Em 1941 passou a estudar com Hans-joachim Koellreutter, integrando também o grupo de Música Viva, do qual se tornou um dos nomes mais ativos, ao lado de Guerra Peixe. Passou a adotar o Dodecafonismo como técnica de composição, sendo um dos mais radicais críticos do meio musical brasileiro.
Em 1948 teve recusado seu visto para ir aos EUA como bolsista, como segunda opção, foi a Paris para estudar com Nádia Boulanger. Durante sua estadia na Europa, participou, como delegado brasileiro, do II Congresso Mundial dos Compositores Progressistas em Praga, na então Tchekoslováquia. Neste congresso foi apresentada oficialmente a doutrina soviética do Realismo Socialista aplicada à música, da qual Santoro passou a ser praticante, defensor e divulgador no Brasil.
Já bastante conhecido, recebeu um prêmio da Fundação Lili Boulanger, em Boston. Entre os avaliadores estavam os compositores Igor Stravinski e Aaron Copland.
Claudio Santoro foi professor fundador do Deptº de Música da UnB (Universidade de Brasília). Faleceu em 1989, época em que exercia o posto de Regente Titular da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília, atualmente a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro.

Outras Biografias.:

Claudio Franco de Sá Santoro (Manaus, 23-11-1919 - Brasília, 27-03-1989) foi um dos mais inquietos e polivalentes músicos de nosso tempo. Menino prodígio, inspirado criador e brilhante intérprete, dinâmico organizador, lúcido pedagogo e incansável pesquisador, desenvolveu nacional e internacionalmente intensa atividade como compositor, regente, professor, organizador, administrador, articulista, jurado, representante brasileiro em conferências e organizações internacionais, tendo sido convidado de diversos Governos e instituições estrangeiras.

Foi distinguido com os seguintes Prêmios: Orquestra Sinfônica Brasileira (1943), Chamber Music Guild de Washington e RCA Victor (1944), Interventor Dornelles (1945), Guggenheim Foundation Fellowship (New York, 1945), Governo Francês para estudos de pós graduação em Paris (1947), Lili Boulanger (Boston, 1948), Berkshire Music Center (Boston, 1949), Medalha de Ouro da Associação de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro (1950), numerosos prêmios para trilha sonora de filmes, inclusive o Estadual de São Paulo e Medalha de Ouro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (entre 1951 e 1958), Internacional da Paz (Viena, 1953), Saci (Oscar brasileiro, 1954), Estado de São Paulo (1959), Teatro Municipal do Rio de Janeiro (1960), Ministério da Educação e Cultura (pela inauguração de Brasília -1960), Associação Jornalistas de Brasília (1964), Jornal do Brasil (1965), Melhor Obra do Festival da Guanabara (1970) Governo do Estado do Rio (1973), Golfinho de Ouro (1977), Moinho Santista (1979), Ciccilo Matarazzo (1985), Shell (1985), Lei Sarney (1987).

Recebeu as seguintes condecorações: Governo do Amazonas (1969), Bundesverdienstkreuz (Rep. Federal Alemã, 1979), Medalha do Mérito do Estado do Amazonas (1982), Ordem do Rio Branco (1985), Ordem do Mérito de Brasília (1986), Governo da Bulgária (1986), Governo da Polônia (1987), Ordem do Mérito do Alvorada (1987), Governo da França (póstumo, 1989). E a Câmara Legislativa do Distrito Federal – através de projeto da Deputada Lúcia Carvalho – concedeu-lhe o titulo de Cidadão Honorário de Brasília, em sessão solene realizada no Teatro Nacional Claudio Santoro em 01-08-2003 e a Universidade de Brasília concedeu-lhe o título de Doutor Honoris Causa em 19-10-2005.

Convidado pelo Governo da República Federal Alemã para o Programa "Artista Residente de Berlim Ocidental (1966/7) e pela Fundação Brahms para Artista Residente da Casa de Brahms (Baden Baden), entre os cargos desempenhados, títulos e atividades destacam-se:

Fundador e Maestro Titular das Orquestras de Câmara da Rádio MEC e da Universidade de Brasília, das Orquestras Sinfônicas da Rádio Club do Brasil e do Teatro Nacional de Brasília; Professor Titular, Coordenador para os Assuntos Musicais, Diretor e Organizador do Departamento de Música da Universidade de Brasília; Presidente da Ordem dos Músicos do Brasil (Seção Brasília); Diretor Musical da Fundação Cultural do Distrito Federal; Membro do Conselho Diretor do Conselho Interamericano de Música (O.E.A); Organizador e Diretor do Centro de Difusão e Informação para a música da América Latina junto ao Instituto de Estudos Comparativos da Música e Documentação (Berlim Ocidental); Membro da Academia Brasileira de Música, da Academia Brasileira de Artes e da Academia de Música e Letras do Brasil, da qual foi Presidente. Entre 1970 e 1978 foi, por concurso, Professor de Regência e Composição, Diretor da Orquestra e do Departamento de Músicos de Orquestra da Escola Estatal Superior de Música Heidelberg Mannheim, na Alemanha Ocidental.

Regente convidado das mais importantes orquestras do mundo Filarmônica de Leningrado, Estatal de Moscou, RIAS Berlin, ORTF Paris, OSSODRE Montevidéu, Beethovenhalle Bonn, Sinfônica da Rádio de Praga, Filarmônica de Bucarest, Sinfônica de 0 Porto, Filarmônica de Sofia, PRO ART (Londres) Île de France (Paris), Sinfônica da Rádio de Leipzig, Sinfônica de Magdeburg, Filarmônica de Varsóvia etc. alem de todas as Orquestras brasileiras.

Claudio Santoro faleceu em Brasília a 27 de março de 1989, regendo, durante o ensaio geral do 1º concerto da temporada, que seria em homenagem ao Bicentenário da Revolução Francesa. Sua atuação a nível artístico, educacional e político foi marcante e influenciou várias gerações, tendo dado vida a inúmeras organizações de caráter musical ou cunho pedagógico e fisionomia a instituições de ensino e até mesmo a cidades.

Após sua morte, o Governador Orestes Quércia (SP) baixou decreto dando ao Auditório de Campos de Jordão o nome de Claudio Santoro. A Prefeitura de Uberlândia deu seu nome a uma praça e a Prefeitura de Cascavel também assim denominou sua Sala de Espetáculos. E a 1º. de setembro de 1989 o Senado Federal - através de projeto do Senador Maurício Correia, aprovado pela Comissão do Distrito Federal - promulgou Lei que denomina de Teatro Nacional Claudio Santoro o até então Teatro Nacional de Brasília.

Em sua homenagem, e destinada a se ocupar das artes em geral, foi criada em Brasília em 1995 a Associação Cultural Claudio Santoro - cujo primeiro Presidente foi o insigne amazonense, Senador Bernardo Cabral - atualmente presidida pela pianista e profa. dra. Jaci Tofano.

Algumas interpretações de "Acalanto da Rosa"


Tenor: Aldo Baldin
Piano: Lilian Barreto



Maria Lúcia Godoy canta "Acalanto da Rosa" (Claudio Santoro/Vinícius de Moraes). Imagens que contam e brincam com a história de Ophelia e Hamlet.


Ana Durañona Soprano
Marcelo Ayub Piano


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