estudo sobre a voz!

O que é a voz? São ondas sonoras produzidas na laringe, que se amplificam ao longo do trato vocal? O que exatamente é laringe? O que se considera como “trato vocal”?

Como podem ver na figura, depois da língua, existem dois “tubos”. O mais posterior é a faringe (seguida do esôfago), que leva alimentos (e o que quer que seja engolido) para o estômago. Na frente deste, tem-se a laringe, que leva o ar à traquéia e em seguida aos pulmões.


Legenda, lado direito:

1 - Nariz: estas três setinhas indicam três protuberâncias que existem dentro da cavidade nasal (cornetos).

2 – Palato Duro: é a parte dura do céu da boca. A continuidade do palato duro é o palato mole e este termina na úlvula (campainha)

3 – Faringe: é o canal que leva alimentos ao esôfago. Está subdividida em 3 partes: nasofaringe (acima da cavidade oral), orofaringe e laringofaringe (ou hipofaringe).

4 – Esôfago: descendo o dedo pela faringe, chega-se à setinha do esôfago. É este tubo (de músculos) que leva o alimento ao estômago.

5 – Laringe: É este espaço maior no “meio” do pescoço (só na figura).

6 – Prega Vocal (direita): esta é a prega vocal do lado direito. Ao falar ela se junta com a prega vocal esquerda, que não está neste desenho.

7 – Cartilagem cricóide: Esta cartilagem bem como os músculos e membranas a sua volta são a “divisão” entre a laringe e a faringe, como é possível observar na figura.

Legenda, lado esquerdo do desenho:


8 – Cartilagem Tireóide: existe em homens e mulheres, mas nos homens é mais acentuada, e aparece no pescoço como o “gogó” ou o “pomo de Adão”.

9 – Laringe: o “tubo” onde ficam as pregas vocais, e por onde o ar segue para a traquéia.


A laringe, entre outras funções, é uma estrutura de defesa, que impede a entrada de corpos estranhos (alimentos, líquidos, brinquedinhos...) nos pulmões.
É nela que ficam as famosas “cordas vocais”, que nem se chamam mais cordas, e sim pregas vocais. Elas não são cordinhas soltas, e sim duas “pregas”, uma de cada lado da laringe. Na figura acima, estamos vendo duas dobras (parecem dois “lábios”) na laringe. A prega superior é a “falsa prega vocal ” direita (pregas vestibulares) e a inferior é a prega vocal em si (neste caso, a prega vocal direita).
Enquanto respiramos, as pregas vocais mantém-se afastadas, permitindo a livre passagem do ar. Ao emitir a voz, elas se juntam no meio da laringe e o ar que vem dos pulmões passa entre elas vibrando a mucosa (pele úmida, como a de dentro da boca) que reveste as pregas vocais. Essa vibração da mucosa gera a onda sonora, quase como a que ouvimos.
O som gerado por essa vibração é modificado nas demais estruturas do trato vocal. A faringe, cavidade bucal e nasal, e outras estruturas funcionam como caixas de ressonância que amplificam e modificam a qualidade do som que produzimos (modificam o timbre).
Língua, dentes, lábios e palato mole (céu da boca) fazem ainda outros tipos de alterações neste som: articulação.

Graves e Agudos

As diferentes notas musicais que produzimos estão diretamente relacionadas às pregas vocais.
A prega vocal muda seu formato e comprimento com a ajuda da musculatura que faz parte da laringe. Quando precisamos fazer notas mais agudas (“fininhas”), a prega vocal se alonga, e, grosseiramente falando, a mucosa que a reveste fica mais leve, vibra mais rápido e produz sons mais agudos (vai lá, faz uma força, física acústica, pré-vestibular... hein? hein?) (figura à esquerda). Para as notas graves, ela se encurta, a mucosa fica mais solta e mais “pesada”, vibra numa freqüência mais grave. (figura à direita)



E porque homens têm a extensão vocal diferente das mulheres (na maior parte das vezes né...)?
Por que as pregas vocais nos homens são maiores do que nas mulheres. Sendo maiores, e tendo mais “peso”, elas estão aptas a produzir sons mais graves, e vai ser difícil com uma prega vocal enorme e pesada, fazer sons agudíssimos.
Essa relação também vale para pessoas maiores ou menores. Os mais baixinhos tem facilidade para agudos, em geral são tenores, sopranos. Os mais altos/as tendem a ter vozes mais graves, são as contraltos, os baixos.
Claro, a natureza adora zoar, e gera pessoas como o Ralph Scheepers (Primal Fear) gigante, fortão e com agudíssimos.

Timbres

Voz é como aquela outra parte do corpo, cada um tem a sua. Pra entender porque a mesma nota musical soa diferente se cantada por mim ou pela Angela Grossow, precisamos relembrar um pouco das aulas de física acústica (ai... medo).
O som é produzido pelas pregas vocais. Já começa por aí: algumas pessoas têm pregas vocais maiores ou menores (tamanho É documento! haha), algumas estão gripadas, outras têm alguma coisinha diferente (defeitinhos como sulco vocal, pólipo vocal, nódulos), etc. etc. etc.
O som produzido pela vibração das pregas vocais não é uma freqüência pura (como as ondas que estudamos na escola). Na verdade, são várias ondas juntas sendo uma a freqüência fundamental (por exemplo, o ré2) e as outras sendo os harmônicos (ré 3, ré1,...). Podemos dizer que estes harmônicos são ondas de várias freqüências "derivadas" desta primeira. (os físicos que me desculpem, mas estou tentando explicar de maneira mais fácil).

Como eu havia dito em, o som é amplificado (fica mais forte) e modificado pelo resto do trato vocal: laringe, faringe, cavidades nasais e orais, etc. E é aí que as vozes tornam-se realmente diferentes. Essas estruturas do trato vocal podem ser consideradas “caixas de ressonância”.
Os harmônicos mais graves serão mais valorizados se as caixas de ressonância forem maiores, ou seja, as freqüências mais graves da voz serão mais amplificadas que as freqüências mais agudas.
Exercício: emitindo uma nota sol2, faça um "bocejo" e o som vai parecer mais grave. Depois faça esta mesma nota com os dentes travados e dizendo um "i", e a nota parecerá mais aguda. No bocejo nós abrimos bem a boca, a faringe e a laringe se dilatam e temos uma grande caixa de ressonância, com paredes musculares relaxadas.
Ao contrário do bocejo, no “i”, deixamos a boca com um espaço pequeno, o espaço dentro da laringe e faringe estará menor e portanto, as caixas de ressonância estarão pequenas e as freqüências mais agudas da voz, serão mais amplificadas do que as graves. A voz então parece mais aguda.
Nos três parágrafos anteriores, estamos falando de timbre. Considerando uma mesma nota fundamental (o sol2) que soam de forma diferente, estamos falando de timbres diferentes. O “dó” do piano é diferente do “dó” do violão porque eles têm timbres diferentes. E finalmente, o meu “dó” soa diferente da Angela Grossow por que nós temos timbres diferentes. E são diferentes porque a garganta dela é diferente da minha (caixas de ressonância), o modo como ela aprendeu a falar é diferente do meu (cultural) e a conta bancária dela é diferente da minha (aulas de canto para aprender a usar as caixas de ressonância).


Glossário:

- Sol 2, Ré1, Ré 2: Os números representam as diferentes oitavas. O Ré 1 é um som mais grave (grosso) do que ´ré2. Considere o dó3, o dó central do piano.

- Trato vocal: é o caminho por onde a voz vai passar e se transformar.

- Caixa de Ressonância: é uma caixa acústica que irá amplificar e modificar o som.

- Ressonância: pergunte pra algum professor de física ou pra wikipedia. Eu levaria um tempo pra explicar isso por escrito.

Para pesquisas em inglês:
Pregas vocais = vocal folds
Laringe = larynx
(Desenho adaptado do atlas de anatomia de Netter)


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