Os benefícios da técnica em corais


Considerado a expressão mais antiga do mundo, o canto em coro nasceu em ambientes religiosos, mas hoje se expande por clubes e associações

Erick Tedesco

O canto coral é considerado a expressão musical coletiva mais antiga do mundo, revelados através de achados históricos no Egito e na Mesopotâmia (na região do Oriente Médio), então ligada a cultos religiosos e às danças sagradas. Já na Grécia Antiga, o coral tem caráter além da religião e aparecia em festas populares e até mesmo em orgias. Enquanto isso, em Roma, a música de corais estava nos teatros satíricos e populares. O coro era de grande importância na tragédia latina, mas também foi neste período que se vincularam fortemente à Igreja Católica e Protestante.

Reis e pessoas abastadas, além do Clero, foram responsáveis pela manutenção do canto coral ao longo da história da civilização em seus diferentes âmbitos, seja atrelado à religião ou a simples festividades do mundo laico. Na contemporaneidade, os corais, mesmo ainda relacionados às igrejas, também são atividades musicais oferecidas em clubes, órgãos ligados ao Estado e mesmo em comunidades de bairros. A regente e pianista piracicabana Joanice Vicente Casemiro é um exemplo de envolvimento com corais de distintos âmbitos, religioso ou não.

Ela é regente dos corais Cristóvão Colombo e da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), campus Santa Bárbara D'Oeste, além de atuar como pianista no Coral Reverendo James William Kogger, pertencente à Catedral Metodista de Piracicaba sob a regência da maestrina Sônia Carmela Falci Dechen. Para Joanice, não existe diferença alguma em trabalhar em grupos que apresentam repertórios distintos. “E o prazer é o mesmo”, diz.

O envolvimento dela com a música erudita começou há décadas atrás. As suas recordações remetem aos seis anos de idade. “Meus avós, Américo (já falecido) e Aparecida Vicente, são responsáveis pela minha aproximação com a música. Antes de dormir, minha avó colocava músicas de corais. Naquela época eram fitas k-7”, diz ao relembrar a veia musical da família. A canção que mais marcou sua infância é “Aleluia de Handel”, obra de George Friedrich Handel. “Ficava imaginando como se produzia algo de tamanha grandiosidade”, revela a regente.

Os estudos em piano de Joanice aconteceram antes de seu contato com o canto de coral, com a professora Aracy Wey Moreira. Aos 12, passou a estudar na Escola de Música de Piracicaba “Maestro Ernst Mahle” sob orientação da professora Cecília Bellato. “Especializar em coral foi uma questão de paixão pelo ofício”, revela. A primeira experiência no ramo deu-se em 1997, como pianista do coral da Igreja Metodista, onde está até hoje. Entretanto, estar em um coral religioso, segundo ela, independe da fé da pessoa interessada em cantar em coro. “No Coral Reverendo James William Kogger há integrantes metodistas e outros que não são”, comenta.

No Coral da Unimep, de Santa Bárbara d´Oeste, Joanice atua como regente desde o início de 2007. Nas duas instituições metodistas ela trabalha com repertório sacro-religioso, enquanto que no Coral Cristóvão Colombo é uma mistura de erudito e popular. “Os arranjos das músicas eruditas são mais elaborados, porém a busca pela qualidade é a mesma”, fala a regente e pianista.

Os corais em que Joanice trabalha já realizaram algumas apresentações ao longo de 2008. O do Cristóvão, por exemplo, esteve presente em dois grandes eventos: no lançamento do Selo de 70 anos do clube e também no 2º Enacop (Encontro Nacional de Corais de Piracicaba). Já com o da Unimep, cantaram recentemente na recepção dos calouros do segundo semestre e ainda se apresentarão na abertura da Semana Jurídica, no dia 1o de setembro. “Na Igreja Metodista, o Coral se apresenta todos os domingos, além de preparar um repertório especial em datas comemorativas como Páscoa, Natal e no aniversário da Igreja, que acontece mês que vem”, fala.

“Faço música para eu mesma, a principal questão é agradar a si próprio com aquilo que se propõe a produzir”, disse Joanice sobre seus sentimentos com o canto de coro. Atualmente ela é estudante do curso de licenciatura de Música, da Unimep. “Minha idéia é me especializar em musicalização, que é educação musical”, explica. A regente se considera confortável nos ofícios que realiza e não sente pressão do público no momento das apresentações devido à confiança em seu trabalho.

Em relação ao interesse da população piracicabana quanto à musica erudita, Joanice afirma que tem aumentado, apesar de ser uma cultura que geralmente desperta já na fase adulta. “O número de jovens que querem participar de corais também aumentou, como é o caso do coral da Unimep”, fala. E, independente da faixa etária, a técnica vocal é trabalhada de acordo com a necessidade de cada um. “Entretanto, o treinamento do ouvido para a percepção e a busca pelo melhor resultado é sempre através do mesmo esforço, seja no momento da apresentação como nos ensaios”, fala. Como explica, os ensaios servem para aprender a fazer o aquecimento vocal e aprender sozinho a educar o ouvido e perceber se está desafinado.

E além da técnica, Joanice aponta a sociabilidade que mantém com todos os envolvidos com os três corais em que atua como um fator determinante para a permanência e paixão pelos trabalhos. “O laço de amizade entre as pessoas é especial, isso sem contar os benefícios terapêuticos que o canto de coro proporciona”, finaliza.

Fonte: http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=920


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1 comentários:

Erick Tedesco disse...

obrigado pela divulgação de meus textos. um abraço.