idéias e experiências quanto ao Orff-Schulwerk


Orff-Schulwerk em Portugal: Realidade ou Utopia na Formação de Professores de Educação Musical.


SOBRE A ORFF-SCHULWERK

GÉNESE, HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO:

A noção de construtivismo passa a estar presente na filosofia de base da educação e, consequentemente, da Educação Musical. Com base no pensamento construtivista, que reconhece que a criança é um ser dotado de características próprias, e não um projeto de adulto, ou um adulto incompleto, surge a Orff-Schulwerk de Carl Orff.
O século XX foi marcado por mudanças profundas com um extraordinário impacto em todos os aspectos da vida humana. Adoptando inovações estéticas e “combatendo” o passado artístico e mental de toda uma sociedade, as artes mostram-se susceptíveis à fusão e à interacção, aproveitando, do ser humano, todo o seu potencial vital.
Neste cenário de intensa efervescência, surgem, Jean Piaget, Jerome Bruner ou John Dewey, novas correntes pedagógicas que retomam o princípio de Kant de que tanto os sentidos, quanto a razão, são importantes para a experiência do mundo.

FUNDAÇÃO DA GÜNTERSCHULE E CUMPLICIDADE ENTRE CARL ORFF, DOROTHEE GÜNTER E GUNILD KEETMAN. (1923 - MUNIQUE PÓS-GUERRA)

SOBRE A ORFF-SCHULWERK
RENASCIMENTO DE UMA FILOSOFIA COM A FUNDAÇÃO DO ORFF-INSTITUT DE SALZBURGO (1963).
MUSIK FÜR KINDER - RÁDIO DA BAVIERA (1948)

SOBRE A ORFF-SCHULWERK
IMPORTÂNCIA DO RITMO E DA LINGUAGEM;
IMPORTÂNCIA DO CORPO, DO MOVIMENTO E DA DANÇA;
MÚSICA ELEMENTAR;
ORGANIZAÇÃO, SEQUÊNCIA DIDÁCTICA E INSTRUMENTOS MUSICAIS;
COMPONENTE SOCIAL E TERAPÊUTICA.
PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS DE UMA APRENDIZAGEM ACTIVA:

IDEIAS PEDAGÓGICAS BÁSICAS, SUBJACENTES A UMA FILOSOFIA DE APRENDIZAGEM ACTIVA:

O trabalho prático e a vivência estão em primeiro plano: O participante (criança ou adulto), tem que sentir, vivenciar, fruir, interagir e, assim, desenvolver aspectos cognitivos e afectivos;
O corpo humano é o primeiro e principal instrumento musical. A voz surge como instrumento primordial de expressão, sendo o corpo um recurso expressivo de grande valor, tanto na realização de ritmos musicais, como dos gestos sonoros, que acompanham a dança, a linguagem e a canção;
O movimento e a dança são fontes de conhecimento, indiscutivelmente, relevantes; O movimento e a dança são uma das portas de acesso à música. A maioria dos parâmetros musicais podem expressar-se, vivenciar-se e interiorizar-se através do movimento e da dança;

IDEIAS PEDAGÓGICAS BÁSICAS, SUBJACENTES A UMA FILOSOFIA DE APRENDIZAGEM ACTIVA:

A improvisação e a composição são aspectos essenciais de todo um processo de criação, no qual, criando e experimentando, o indivíduo evolui em relação a si mesmo, à qualidade das suas relações e à construção da sua personalidade;
A dimensão social: cantar, dançar, tocar, ouvir e criar música, em conjunto, são fontes inigualáveis, de partilha de afectos e de aprendizagens; Alternância de papéis (Não há Professor e alunos, existe, sim, um grupo de aprendizes…)
A ideia central da OS é pôr a música ao alcance de todos, privilegiando, através da expressão vocal, instrumental e corporal, as vertentes artístico-criativa, do ser humano.

ORFF-SCHULWERK NO MUNDO - Difusão mundial da obra pedagógica:

A Orff-Schulwerk é uma realidade mundial. Associações de Orff-Schulwerk dão continuidade às ideias pedagógico-musicais de Carl Orff e Gunild Keetman em quarenta e dois países de todo o mundo. Existem, inclusivamente, escolas onde a base do currículo escolar é a Orff-Schulwerk (The San Francisco School – http://www.sfschool.org)
Com base na amostra referente ao Internacional Summer Course “Orff-Schulwerk: Music and Dance Education 2002”, desenvolvido pelo Orff-Institut de Salzburgo, surgiu o seguinte esquema, que tenta definir, internacionalmente, a Orff-Schulwerk em três palavras:

Orff-Schulwerk

Music
Movement
Creativity


ORFF-SCHULWERK EM PORTUGAL:
Fundação Calouste Gulbenkian.
APEM - Associação Portuguesa de Educação Musical: (Núcleo Orff).
Juventude Musical Portuguesa.
AWPM – Associação Wuytack de Pedagogia Musical .
Instituto Orff do Porto.



Professora Maria de Lourdes Martins:
Introdução da Orff-Schulwerk em Portugal
Pioneirismo na Orff-Schulwerk em Portugal:

SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO MUSICAL EM PORTUGAL
Cursos de Licenciatura bem estruturados;
Formação adequada à futura prática docente de Educação Musical;
Existência de equilíbrio entre as componentes teórica e prática.
Aspectos mais valorizados no percurso acadêmico: Formação pedagógico/ didáctico-musical; Formação musical, Formação instrumental e autonomia profissional.

Visão de alunos e professores, quanto à Formação Acadêmica (Licenciaturas)
Sobre correntes pedagógico-musicais referidas e respectivas percentagens.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO MUSICAL EM PORTUGAL
VISÃO DOS DOCENTES NO QUE DIZ RESPEITO AO CONHECIMENTO DA ORFF-SCHULWERK:

Orff-Schulwerk
Música
Actividade
Criatividade

VISÃO DOS ALUNOS NO QUE DIZ RESPEITO AO CONHECIMENTO DA ORFF-SCHULWERK:

Conhecimento maioritariamente teórico e superficial

Orff-Schulwerk
Prático
Movimento
Inovador

CONCLUSÕES
SOBRE A GÉNESE, PRINCÍPIOS, DESENVOLVIMENTO E DIFUSÃO MUNDIAL DA ORFF-SCHULWERK:
A Orff-Schulwerk tem o mérito de, pela primeira vez na história da Educação, ter conseguido integrar diferentes actividades artísticas numa acção global, em que a expressão individual e a comunicação têm lugar preponderante.
A Orff-Schulwerk é uma forma de ser, estar e actuar, onde só se ensina e aprende, praticando e sentido; Nunca será um ponto de chegada, mas sim um infindável conjunto de pontos de partida para novas experiências;
Através da conexão existente entre voz, movimento, instrumentos musicais (Orff) e dança, a Orff-Schulwerk desenvolve, com base na descoberta e na criatividade, a musicalidade do ser humano, independentemente da sua idade, aptidão musical, capacidade física e/ou psíquica. “Music belongs everybody”

Pode entender-se por Orff-Schulwerk: Música, Movimento e Dança na Educação. Com base no pressuposto de que todos os seres humanos têm potencial criativo, a Orff-Schulwerk visa o desenvolvimento pleno do indivíduo (dimensões cognitiva, física, estética, criativa e emocional).

CONCLUSÕES
O conhecimento da Orff-Schulwerk ocorreu, na visão da grande maioria dos futuros professores de Educação Musical e dos docentes responsáveis pela sua formação, no decurso das suas graduações académicas e de forma maioritariamente teórica, residindo a sua essência, opostamente, na prática.
Um elevado número de futuros (e actuais) professores de Educação Musical e de docentes responsáveis pela sua formação, não tem conhecimento do importante papel de Maria de Lourdes Martins, no que à introdução e adaptação da Orff-Schulwerk a Portugal diz respeito.
Salvo raras e salutares excepções, as ideias chave subjacentes à Orff-Schulwerk, apresentadas pela amostra, encontram-se algo afastadas da realidade.

CONCLUSÕES
SOBRE A ORFF-SCHULWERK NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO MUSICAL EM PORTUGAL:

A grande maioria da amostra admitiu nunca ter frequentado cursos de Orff- Schulwerk, pelo que entendemos justificado o conhecimento maioritariamente teórico mencionado.
A grande maioria, de ambas as partes da amostra, considera que, em pleno século XXI, a Orff-Schulwerk se mantém tão viva quanto actual, atribuindo-lhe, quantitativamente, uma média de 16 valores, enquanto estratégia pedagógica.
Muito embora Portugal tenha sido um país pioneiro (oitavo), no que à introdução e adaptação da OS diz respeito, a implementação e prática das ideias pedagógico-musicais de Carl Orff e Gunild Keetman, ao nível da formação de professores de Educação Musical, continuam a centrar-se em aspectos essencialmente teóricos e, salvo raras excepções, quando práticos, profundamente deturpados (“orquestra de xilofones”).

Pelo exposto, pode concluir-se que A Orff-Schulwerk, como a entendemos e tentámos, ao longo do estudo, definir e compreender, tem sido uma utopia (concepção ou projecção irrealizável) na formação de Professores de Educação Musical do nosso país.

Na abertura do ponto IV, do documento intitulado Roteiro para a Educação Artística – Desenvolver as capacidades Criativas para o Século XXI, editado pela Comissão Nacional da UNESCO, é referido que:
“(…) Uma Educação Artística de alta qualidade carece de professores de arte altamente qualificados, bem como de professores generalistas. (…)”;

“(…) É necessário favorecer o acesso dos professores, artistas e outros, aos materiais e à formação que necessitam para esse efeito. Não há aprendizagem criativa sem ensino criativo. (…)”.
CONCLUSÕES / RECOMENDAÇÕES


Na comunicação de Peter Smith (Director-Geral Adjunto para a Educação - UNESCO), inserida no painel Métodos de Ensino / Formação de Professores, da Conferencia Mundial sobre Educação Artística, pode ler-se que:
“(…) é fundamental que toda a formação de professores e todos os métodos de ensino se concentrem na aprendizagem concreta dos estudantes, com métodos que possuam sensibilidade cultural e solidez pedagógica. (…) É necessário alterar a formação de professores, no sentido de alcançar uma maior eficácia no mundo actual (…)”.
Considerando a Orff-Schulwerk, um “método com sensibilidade cultural e solidez pedagógica”, uma forma de aprender e ensinar, que a grande generalidade da amostra considerou não estar ultrapassada, em pleno século XXI, é fundamental que sejam tomadas medidas para “favorecer o acesso dos professores e educadores artísticos, aos materiais e à formação que necessitam. Não há aprendizagem criativa sem ensino criativo.”
Por forma a “alterar a formação de professores, no sentido de alcançar uma maior eficácia no mundo actual” impera a necessidade de, num futuro próximo, serem tomadas medidas para que, na Educação Musical em Portugal, a Orff-Schulwerk passe da utopia à realidade. (Desenvolvimento de Cursos, Acções de Formação, Workshops, Fundação da Associação Orff Portugal…)

Impera a necessidade de, num futuro próximo, serem tomadas medidas para que, na Educação Musical em Portugal, a Orff-Schulwerk passe de utopia a realidade.
(Desenvolvimento de Cursos, Acções de Formação, Workshops, e, quiçá, a Fundação da Associação Orff Portugal)

1) Conhecer , realmente, a Orff-Schulwerk,
2) “(…) contribuir para uma Educação que integre as faculdades físicas, intelectuais, e criativas e possibilite relações mais dinâmicas e frutíferas entre Educação, Cultura e Arte. (…)”;
3) “(…) alterar a formação de professores, no sentido de alcançar uma maior eficácia no mundo actual (…)”;


João Cristiano Rodrigues Cunha
jcrcunha@hotmail.com


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1 comentários:

João Cristiano R. Cunha disse...

Muito obrigado pela divulgação de um trabalho da minha autoria.