Musica Renascentista Palaciana


Uma Breve Introdução
Por Enoque Verli, Jéssica, Ester e Darlei Ramos



Música renascentista se refere à música européia escrita durante a renascença, ou seja, no período que abrangeu, aproximadamente, os anos de 1400 a 1600 d. C. A definição do início do período renascentista é difícil devida a falta de mudanças abruptas no pensamento musical do século XV. Adicionalmente, o processo pelo qual a música adquiriu características renascentistas foi gradual, não havendo um consenso entre os musicólogos, que têm demarcado seu começo tão cedo quanto 1300 até tão tarde quanto 1470. A pesquisa musicológica recente, entretanto, sugere que o conceito de início, de um modo geral, deve ser evitado, devido às dificuldades extremas ao definir o significado e a demarcação da época para o termo. Entretanto, é seguro se afirmar que o movimento humanista italiano revelando e divulgando a estética das antigas Roma e Grécia, contribuiu, num nível conceitual, para uma revalidação acelerada da música, mas sua influência direta sobre a teoria musical, composição e interpretação é apenas sugestiva.
Música Renascentista Palaciana
- As cortes renascentistas foram uma força poderosamente criativa em música - Diferente de quando era usada somente para divertir a realeza, em meados do século XV, quem patrocinava a música exigia e gostava de qualidade, admirando também o que era moderno.
- Música fazia parte do mundo do Homem Universal – ideal do renascimento. A musica era inserida em esplendorosas cerimônias da corte e em festividades da nobreza. Levou muito tempo até que a música fosse vista como uma atividade necessária do homem civilizado.
- A geração de compositores surgida nos primeiros anos do século XV tinha carreiras muito mais dinâmicas e variadas que as de quaisquer de suas predecessoras - Os músicos da idade média viviam em quase completa obscuridade.
Duas capelas destacam-se tanto pela ótima qualidade como pela qualidade de sua música e influência no estilo musical: a da Burgúndia (1360 – 1477) e a Kapelle (após 1488).
MÚSICA BURGÚNDIA – revelou o estilo que vinha se desenvolvendo na França. Os grandes coros e as escolas corais possibilitaram um estilo de polifonia que veio a ser objeto de todo um conjunto e não de um grupo solista de especialistas. Os grandes coros deram grandes músicos, que expandiram-se para além de sua terra natal por não haver trabalho suficiente em sua terra e por serem especialistas num novo estilo que outros países, sobretudo a Itália não dominavam.
- Leonel Power – em 1438 estava agregado à Catedral de Canterbury;
- Richard Hygons – serviu na Catedral de Wells desde 1459;
- Arnold de Lantins – cantos na Capela Papal de 1431 a 1432;
- Pierre de Fontaine – músico palaciano na Burgúndia até 1420;
- Nicolas Grenon – mestre dos meninos do coro papal até 1427;
- Dufay – nasceu em 1400 – entrou no coro da Catedral de Cambrai aos 9 anos;
- Ockeghem – em 1450 entrou para o serviço de Carlos VII, pertencendo assim à lista dos músicos do rei;
- Josquin des Pres – nascido em 1451, membro do coro papal de 1486 a 1494;
- Heinrich Isaac – músico da corte de Lourenço Medicis em 1469;
As bases da música burgúndia – estilo ou síntese dos vários estilos gerados nos domínios burgúndios [1] ou em terras com as quais os músicos burgúndios entraram em contato, mais que uma “escola musica” nacional – foram lançadas no reinado de Filipe, o Destemido; explorou as tradições musicais das cidades holandesas das quais extraiu muitos dos seus melhores músicos, cantores e compositores.
No reinado de Carlos, o Bom, a Burgúndia se tornou o centro de onde a polifonia [2] de novo estilo se irradiou para toda a Europa.
Os gostos não mudaram, embora evoluíssem, á medida que os duques burgúndios se sucediam. João Sem medo empregou os compositores Guillaume Ruby e Richard de Belleagues entre seus músicos. Recebeu o famosíssimo Nicolas Grenon [3] de seu tio, o duque de Berry, em 1412. Carlos, o Bom, manteve todos três à seu serviço, e patrocinou, empregando por certo tempo Dufay, e manteve Gilles Binchois na corte burgúndia por mais de trinta anos.
Os músicos palacianos, assim como os seus patrões viajavam. Os duques da Burgúndia consideravam Dijon como sua capital, mas estavam quase sempre em viagem por seus domínios ou em guerras, tal como Maximiliano, que levava os músicos em suas viagens regulares e também em campanhas através da Suíça e da Itália.
Música - Damigella Tutta Bella (SM3) - Kiehr, María Cristina; Concerto Soave;
Era natural desde a época de Dufay que a aceitação na Itália fosse um sinal de grande distinção para o compositor. Já em fins do século XVIII, quando a música italiana dominava a Europa tão poderosamente quanto a música burgúndia dominara 200 anos antes, um profundo conhecimento da Itália e dos estilos italianos, obtido mediante a permanência no país, era um sinal indispensável de qualidade, de modo que, mesmo quando as autoridades italianas ansiavam por achar músicos preparados no Norte, a aprovação italiana era o melhor testemunho que um compositor podia ter para ir em busca de um satisfatório cargo palaciano ou eclesiástico.
A música florentina pode não ter uma história registrada tão antiga quanto a de Milão, mas, desde a idade Média, Florença foi o centro mais ativo. Dante, o mais célebre de todos os florentinos, constantemente mostra em seus escritos um conhecimento de música de entusiasta instruído, não só das formas em curso no seu tempo como também das premissas técnicas em que elas se baseavam. As bibliotecas da cidade conservavam tratados medievais: O Laudario florentino mostra que a música religiosa popular era aceita desde os primeiros dias; o Antiphonario Medicium [4] do século XIII é um livro de coro que contém exemplos de todas as variedades das primeiras polifonias religiosas, inclusive obras de compositores da Notre Dame [5] . Por sua vez, os compositores florentinos de fato já escreviam nos primitivos estilos no século XIII.
- As demais cortes italianas também eram entusiasmadas no seu apoio da música secular. A Capela d’Este em Ferrara, que contava com 25 integrantes ao tempo do Duque Hércules, e que por algum tempo teve a seu serviço Joaquin des Prés, e que aumentou para 35 com o seu neto Alfonso II em fins do século XV, era o maior estabelecimento musical no Norte da Itália. Como a Capela de Florença [6] , dedicava tempo e trabalho à sua música religiosa, mas empregava seus músicos para escrever obras seculares. A Capela de Mântua, onde Monteverdi [7] serviu por muitos anos, tornou-se a mais importante que a própria Florença como centro das primeiras óperas, mas pouco acrescentou ao patrimônio da música religiosa.
Chegamos assim a compreender a influência da Itália sobre os músicos estrangeiros que lá trabalhavam. Se a obra deles se tornou mais lírica, mais francamente melodiosa, mais leve em estilo e textura, ao mesmo tempo mantendo o seu domínio técnico e robustez, observamos que trabalhavam em condições em que tal liberdade lírica e leveza era intitulada como também esperada da parte deles. Enquanto grande parte da música secular de inícios e meados do Renascimento [8] é questão de registro verbal e discussão, havendo poucas partituras hoje disponíveis pra execução ou estudo, o fato era que os burgúndios e flamengos – seja o nome genérico que lhes apliquemos – obtinham a sua revolução técnica numa cultura musical que evoluía em sentidos bem diferentes daquela em que haviam sido criados, e que a maior parte deles vivia dos estímulos da nova atmosfera. A música dependia não dos ritmos em prosa da missa e da Bíblia, mas de formas regulares em verso, de equilíbrio de linhas e estrofes; apresentava uma nova espécie de liberdade expressiva e novo tipo de disciplina técnica.
A força criativa da corte renascentista como centro musical é bastante clara. Ela precisava de música secular tanto quanto de música religiosa, e isso deu à música não litúrgica uma categoria e importância sociais como jamais tivera. Fomentou o uso de instrumentos e de vozes, e achou necessários em muitas ocasiões, sobretudo em cerimônias nacionais e cívicas, a execução de instrumentos independentes de vozes. Criou conjuntos bem disciplinados de cantores e executantes para a execução de obras escritas em geral nos estilos mais avançados e surpreendentes da época. Não padronizou a orquestra que usava, mas empregava todos os instrumentos disponíveis da melhor maneira possível. A padronização só veio de fato a começa um século e pouco depois, mas o Renascimento não tinha dúvida alguma sobre o valor da música instrumental, de modo que o Syntamagna Musicum de Praetorius, impresso em 1615, dá em pormenores 14 modos pelos quais um madrigal de Lassus podia ser tratado por um coro e vários conjuntos instrumentais.
Em outras palavras, o Renascimento instituiu a música como profissão, onde nas cidades os músicos se organizavam em guildas, a relativa escassez de trabalho para eles e a dificuldade de manter um monopólio transformaram a sua organização profissional em pouco mais que uma ficção conveniente; nas cortes um músico tornavam-se profissional, não apenas capelão ou secretário com bom talento a ser explorado, mas pessoa empregada apenas por sua capacidade em organizar concertos, ele mesmo sendo executante a fornecendo a música a ser tocada. O êxito de Dufay dependeu do fato de que era clérigo, dotado, ao que parece, de valioso talento para negociação, assim como possuidor de brilhantes dotes de musicais.
A mudança do centro de gravidade musical da Igreja para música palaciana determinou a música como profissão, muito embora o número dos que pudessem ser empregados fosse obrigatoriamente limitado. Ao mesmo tempo, transformou a música secular não só de igual importância como também o mais ventuoso ramo da arte, e, pois indispensável para a vida social em geral a ponto de que nenhum compositor da época teve possibilidade de restringir sua produção para trabalhar para a Igreja.

Bibliografias
_SHANZER, Danuta. ‘Dating the Baptism of Clovis.’ In Early Medieval Europe, volume 7, pages 29-57. Oxford: Blackwell Publishers Ltd, 1998;
_SHANZER, D. and I. Wood. Avitus of Vienne: Letters and Selected Prose. Translated with an Introduction and Notes. Liverpool: Liverpool University Press, 2002;
_ CRAIG WRIGHT. "Nicolas Grenon", The New Grove Dictionary of Music and Musicians , ed. Stanley Sadie (London: Macmillan, 1980), vii, 702;
_RAYNOR, Henry. História Social da Música, da Idade Média a Beethoven – Editora Guanabara;
Monteverdi:
_Vídeos - http://br.youtube.com/watch?v=-CF4EQLBWlo
Sobre as músicas tocadas em aula...
O programa escolhido, Scherzi Musicali , contempla excertos de grandes mestres italianos da época, como Monteverdi, Caccini e Frescobaldi.
São exemplos de música palaciana, escrita para entreter as classes altas e a elite intelectual da época, que sabia como executar o repertório madrigalista, género próprio da Itália renascentista, em destaque neste concerto.
[1] Burgúndios ("os Montanheses") são um antigo povo de origem escandinava. No Baixo Império Romano, instalaram-se na Gália e na Germânia na qualidade de foederati ("federados" em latim). Tendo procurado se estender na Bélgica, foram abatidos por Aécio em 436 e transferidos para Savóia. De lá, eles se espalharam nas bacias do Saône e do Ródano. Foram submetidos pelos francos em 532 e seu território foi reunido à Nêustria. Deram seu nome à Borgonha.
[2] Polifonia, numa composição musical, é a utilização das quatro vozes da harmonia em linhas melódicas distintas em contraponto. Num sentido estrito, a polifonia também engloba a homofonia, no entanto em termos de estilos musicais, são distintas, sendo essa última conhecida como melodia acompanhada, com a predominância de uma voz sobre as outras. Isso indica-nos que o termo polifonia deve ser utilizado somente quando todas as vozes apresentam o mesmo "peso" dentro da estrutura musical. A palavra vem do grego e significa várias vozes. O contraponto é essencialmente polifônico, dado que cada voz tem a mesma importância na condução das melodias na peça.
[3] Nicolas Grenon (c. 1375 – October 17, 1456), was a French composer of the early Renaissance. He wrote in all the prevailing musical forms of the time, and was a rare case of a long-lived composer Who learned his craft in the late 14th century but primarily practiced during the era during which the Renaissance styles were forming.
[4] Antiphonarium e o Cantatorium – que serviram de guia para a execução dos cânticos. Este tipo de cântico, de caráter declamatório, apresentava uma melodia plana e linear e por essa razão era chamado de “cantus planus” ou popularmente “cantochão”. Mais tarde ganhou o nome de canto gregoriano, em homenagem ao Papa Gregório. Era construído sobre uma série
[5] A Catedral de Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Iniciada sua construção no ano de 1163, é dedicada a Maria, Mãe de Jesus Cristo (daí o nome Notre-Dame – Nossa Senhora), situa-se na praça Parvis, na pequena ilha Île de la Cité em Paris, França, rodeada pelas águas do Rio Sena.
[6] Alguns afrescos medievais, definidos por técnicos como de "grande importância", foram descobertos em Florença, Itália, na Igreja de São Procolo, construída no século XII. A descoberta ocorreu durante as obras de restauração de parte do teto, que ruiu em junho de 2005. Os afrescos poderiam pertencer à escola de Giotto.
[7] Claudio Monteverdi (Cremona, 15 de maio de 1567 – Veneza, 29 de novembro de 1643) foi um compositor italiano. Foi o responsável pela transição entre a tradição polifônica do século XVI para o nascimento da ópera, do século XVI.
[8] Renascimento (ou Renascença) foi um período na história do mundo ocidental com um movimento cultural marcante na Europa, considerado como um marco do final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Começou no século XIV na Itália e difundiu-se pela Europa no decorrer dos séculos XV e XVI.


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2 comentários:

Anônimo disse...

Marcus, muito obrigada. Estou no 3º ano da faculdade do mesmo curso que o teu , mas em Portugal. Os teus posts ajudaram-me imenso para a pesquisa que fiz para um trabalho de História da Música. Ah! chamo-me Sandra. Xau, Deus te abençoe

thatyesly disse...

marcus obrigado meu nome é thatyesly e andei pesquizando e nos outros saites ñ entendir nada + aq eu conseguir

obg!!!!!!!!!